A verdade está aí — e existe uma explicação real para isso. Por muito tempo, os investidores tiveram dificuldade em entender por que o Bitcoin se desvinculou dos principais índices acionários dos Estados Unidos. Aqueles que tentaram justificar a dinâmica do par BTC/USD com base em seu suposto papel de "ouro digital" também se mostraram equivocados. Mas e se a venda massiva de ativos digitais tiver sido provocada pelo encerramento do governo dos EUA?

A julgar pelas fortes perdas observadas nos mercados financeiros, essa hipótese parece bastante plausível.

Como os diferentes ativos reagiram ao encerramento

Um dos principais motores da alta do BTC/USD entre setembro de 2024 e janeiro de 2025 foi a promessa de Donald Trump de transformar os Estados Unidos na "capital mundial das criptomoedas". O governo adotou uma postura mais favorável em relação aos ativos digitais, chegando inclusive a aprovar uma legislação específica para stablecoins. Os investidores esperavam que essa tendência positiva se mantivesse — mas o mais longo shutdown da história americana frustrou essas expectativas.

No auge histórico do Bitcoin, no início de outubro, a capitalização total do mercado de criptomoedas atingiu US$ 4,4 trilhões, mas desde então sofreu uma forte correção. O crescimento acumulado no ano agora mal permanece positivo.

Outro fator que desencadeou a recente onda de vendas foi a correção de 20% no par BTC/USD em relação ao seu pico histórico — movimento que, segundo os padrões do mercado acionário, marca o início de um mercado de baixa. Essa reversão provocou grandes liquidações por parte das chamadas "baleias cripto" — investidores que detêm entre 1.000 e 10.000 BTC —, responsáveis pela venda de cerca de 400 mil moedas, de acordo com dados da 10x Research.

A empresa, que anteriormente atribuía a consolidação do mercado à redistribuição entre baleias e investidores institucionais, agora avalia que o setor passa, na verdade, por um processo ativo de liquidação.

Fluxos de capital em ETFs focados em Bitcoin

A 10x Research observa que, durante os mercados de baixa anteriores, grandes investidores chegaram a vender até 1 milhão de BTC. Se a história se repetir, o par BTC/USD pode cair para a faixa dos US$ 85.000.

Esse processo pode ser acelerado pela saída de capital dos ETFs de Bitcoin. De acordo com a K33 Research, o nível de equilíbrio desses fundos está em torno de US$ 89.613. Quando o Bitcoin caiu brevemente abaixo dos US$ 100.000, o volume de negociação de derivativos disparou — com muitos contratos mirando preços de exercício próximos a US$ 80.000.

No entanto, os rumores de que o fechamento do governo dos EUA pode terminar em breve trouxeram um alívio bem-vindo para o Bitcoin. O Senado votou 60 a 40 pela aprovação de um projeto de lei para reabrir o governo, que agora segue para a Câmara dos Representantes e, se aprovado, para a sanção presidencial.

Parece que o inverno de cripto para o Bitcoin pode ter terminado antes mesmo de começar. Se a paralisação do governo foi realmente a principal razão por trás do declínio do BTC/USD, então a retomada das operações federais poderia reacender o impulso de alta.

Dito isso, uma correlação renovada com os índices de ações dos EUA — particularmente à medida que o S&P 500 se consolida — pode moderar a alta do Bitcoin no curto prazo.

Perspectiva técnica

No gráfico diário BTC/USD, parece estar se formando um padrão Wolfe Wave. Uma quebra e fechamento acima do nível pivô de 108.300 ativaria o padrão, aumentando a probabilidade de uma alta em direção a 118.500 e sinalizando potenciais oportunidades de compra. Por outro lado, uma rejeição desse nível seria um motivo para vender.