O efeito riqueza. Quando o mercado de ações sobe, os americanos que possuem investimentos em ações sentem-se mais confiantes e aumentam seus gastos, estimulando a atividade econômica. Por outro lado, uma queda no S&P 500 reduz o otimismo dos investidores: os gastos diminuem e o crescimento do PIB desacelera.
Nesse contexto, a interrupção da sequência de três semanas de ganhos do índice amplo de ações é um sinal preocupante.

O sentimento do consumidor está mudando.

O mercado de ações dos EUA atingiu um ponto de inflexão. Enquanto o Goldman Sachs insiste que o equilíbrio de riscos ainda favorece os touros, o esperado afrouxamento monetário do Federal Reserve, a recuperação cíclica do PIB americano e o boom dos investimentos em inteligência artificial continuam sendo motores poderosos para a alta do S&P 500. A confiança do banco é admirável, mas há um sinal preocupante que não pode ser ignorado.

Antes, o índice do mercado amplo ignorava más notícias e reagia com entusiasmo até às menores boas notícias, o que o impulsionava para novas máximas. Agora, o cenário se inverteu. A maior onda de demissões desde 2003 derrubou o S&P 500, enquanto o crescimento do emprego no setor privado reportado pela ADP passou despercebido. Os investidores parecem mais atentos aos "falcões" do Fed do que aos seus "pombos".

A mesma lógica vale para a temporada de resultados corporativos. Das 446 empresas que divulgaram resultados do terceiro trimestre, 80% superaram as estimativas de lucros — o melhor desempenho desde a primavera de 2021. Ainda assim, em vez de estender a alta, o S&P 500 entrou em correção. Alguns analistas apontam que, conforme os primeiros balanços foram publicados, as previsões para o restante das empresas foram revisadas para cima. Com isso, os lucros efetivos acabaram se aproximando das novas expectativas, o que levou à clássica reação de "compre o boato, venda a notícia".

O fator da paralisação
O fechamento do governo também pesou sobre o S&P 500. Segundo Kevin Hassett, conselheiro econômico do presidente, uma paralisação poderia reduzir o crescimento do PIB no quarto trimestre pela metade, de 3% para 1,5%.
Em uma pesquisa do Markets Pulse, 14% dos 121 investidores consultados disseram acreditar que, se o governo não reabrir dentro de uma semana, a sequência recorde do S&P 500 chegará ao fim. Outros 22% afirmaram que isso já aconteceu.

A expectativa é que o S&P 500 encerre sua recuperação em meio à paralisação.

Assim, a economia e o mercado de ações dos EUA estão intimamente interligados. A retração do S&P 500 reflete as dúvidas dos investidores sobre o futuro promissor dos Estados Unidos. Por outro lado, o crescimento mais lento do PIB, em parte devido à paralisação, reforça a necessidade de uma correção no índice geral de ações.

Nesse contexto, notícias positivas do Congresso podem dar um novo fôlego às ações dos EUA. O Senado votou por 60 a 40 para encerrar a paralisação do governo. Agora, a decisão cabe à Câmara dos Deputados.

Perspectiva técnica No gráfico diário, o S&P 500 formou uma vela com uma longa sombra inferior, um sinal de enfraquecimento do momentum de baixa. Uma quebra e consolidação acima de 6.731 seria um sinal para comprar o índice de ações amplo.