Embora a economia da Alemanha tenha encolhido no segundo trimestre de forma mais acentuada do que inicialmente estimado, o euro ignorou os dados e até se recuperou levemente antes do evento mais importante do verão — o simpósio de Jackson Hole.

A contração do PIB alemão foi impulsionada por um desempenho industrial significativamente mais fraco, após um forte aumento da atividade empresarial nos EUA no início deste ano, voltado para compensar as tarifas.

De acordo com o relatório, o PIB da Alemanha caiu 0,3% em relação ao trimestre anterior. O investimento também teve forte impacto negativo, recuando 1,4%, enquanto o consumo privado ofereceu bem menos suporte do que o previsto. A notícia preocupa os círculos econômicos, já que a Alemanha é considerada a locomotiva da economia europeia. Mesmo uma queda modesta do PIB sinaliza desaceleração e pode antecipar problemas mais sérios.

Como já mencionei, as razões para esse recuo são claras: tensões geopolíticas, crise comercial e inflação minaram a atividade empresarial e a confiança do consumidor. As tarifas dos EUA elevaram os custos de produção, reduzindo a competitividade das empresas alemãs no mercado global. Além disso, a retração dos investimentos reflete a incerteza quanto ao futuro e a cautela das empresas diante do atual cenário. A fraqueza do consumo privado também é um sinal de alerta.

"A produção industrial teve desempenho pior do que o estimado, e a produção total da Alemanha encolheu mais no segundo trimestre do que se calculava anteriormente", informou a agência de estatísticas.

A contração atingiu em cheio a maior economia da Europa, frustrando as expectativas de uma recuperação rápida após dois anos de recessão. O PIB cresceu 0,3% nos três primeiros meses de 2025, mas esse resultado foi impulsionado, em parte, por exportações antecipadas para os Estados Unidos.

Em julho, a União Europeia firmou um acordo com o presidente Donald Trump que impõe tarifas de 15% à maioria dos embarques da região — medida duramente criticada pela indústria alemã. Além disso, a economia enfrenta os efeitos do fraco crescimento global, da incerteza geopolítica e de desafios estruturais antigos, como o envelhecimento da força de trabalho e a burocracia excessiva.

Em seu relatório mensal divulgado na quinta-feira, o Bundesbank alertou que o PIB pode não voltar a crescer no terceiro trimestre, sendo a estagnação o cenário mais provável. Por outro lado, os planos do novo governo de ampliar de forma significativa os investimentos em defesa e infraestrutura oferecem uma dose de otimismo, com resultados que devem começar a aparecer em 2026.

Perspectiva técnica para o EUR/USD: Os compradores agora precisam recuperar o nível de 1,1600. Só então será possível um movimento em direção ao teste de 1,1630. A partir daí, o par poderia subir para 1,1658, embora fazer isso sem o apoio dos grandes players seja bastante difícil. O alvo mais distante é a máxima em 1,1690. Caso o instrumento recue, espero uma atividade significativa dos compradores apenas em torno de 1,1565. Se não houver uma demanda relevante nesse ponto, será melhor aguardar um reteste da mínima em 1,1530 ou considerar a abertura de posições compradas a partir de 1,1490.

Perspectiva técnica para o GBP/USD: Os compradores da libra precisam superar a resistência mais próxima em 1,3420. Somente isso abrirá caminho para 1,3450, nível acima do qual a quebra será bastante difícil. O alvo mais distante está em 1,3480.

Se o par cair, os vendedores tentarão assumir o controle em 1,3380. Caso consigam, uma quebra dessa faixa prejudicará seriamente a posição dos compradores e empurrará o GBP/USD para a mínima de 1,3346, com perspectivas de extensão em direção a 1,3305.