A conferência anual do Federal Reserve, organizada pelo Federal Reserve Bank de Kansas City em Jackson Hole, Wyoming, começou ontem com um jantar para líderes de bancos centrais, economistas e jornalistas que chegaram de diversas partes do mundo.
Aqui está o que esperar da reunião de três dias:
O presidente Jerome Powell fará seu discurso hoje. Este pronunciamento provavelmente será o evento principal da conferência.
Observadores do Fed e investidores acompanharão de perto quaisquer indícios sobre o que os formuladores de política podem decidir em sua reunião de setembro. O banco central dos Estados Unidos pode estar pronto para cortar novamente as taxas de juros após mantê-las estáveis neste ano para avaliar o impacto das tarifas sobre a economia. Durante seu discurso, Powell pode indicar se seus colegas tendem para um lado ou para outro. Com a inflação acima da meta de 2% do Fed e a desaceleração das contratações, os dirigentes continuam divididos sobre quando os cortes de juros seriam apropriados.
Essa divisão dentro do regulador cria incerteza adicional para os mercados, e a expectativa é que as declarações de Powell esclareçam os próximos passos do Fed. Investidores e analistas examinarão cada palavra do presidente do Fed em busca de pistas sobre a futura direção da política monetária. Atenção especial será dada à sua avaliação da situação econômica atual e das perspectivas para a inflação. Quaisquer sinais de disposição para medidas mais agressivas de contenção inflacionária podem desencadear uma nova onda de vendas nos mercados, enquanto sinais de uma postura mais branda podem, ao contrário, estimular otimismo e entrada de investimentos.
Fatores geopolíticos também não devem ser ignorados, já que influenciam as decisões do Fed. A interferência da Casa Branca nos assuntos da instituição, as guerras comerciais e outros desdobramentos podem alterar as previsões econômicas e, consequentemente, os ajustes de política monetária. Nessas condições, Powell precisará demonstrar não apenas conhecimento econômico, mas também habilidade política para preservar a estabilidade financeira e apoiar o crescimento econômico.
As expectativas de mercado indicam que os investidores projetam um corte de juros em setembro, seguido de pelo menos mais um até o fim do ano. O presidente Donald Trump, crítico frequente do Fed, voltou a exigir nesta semana cortes significativos de Powell e de seus colegas, enquanto alguns membros do governo defendem uma redução substancial de meio ponto já no próximo mês.
Espera-se que o discurso de Powell também aborde a revisão do Fed sobre seu chamado framework de política monetária. Os formuladores de políticas devem propor algumas alterações neste documento, que explica como o Fed busca atingir suas metas de inflação e emprego, especialmente revertendo certas modificações introduzidas em 2020.
Embora o programa principal não inclua discursos de presidentes regionais do Fed ou de outros funcionários, todos os 18 atuais formuladores de políticas estão listados como participantes, e muitos concederão entrevistas à mídia. Hoje, a presidente do Boston Fed, Susan Collins, tem uma entrevista agendada. No sábado, um painel contará com a participação do governador do Bank of England, Andrew Bailey, da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e do governador do Bank of Japan, Kazuo Ueda, que discutirão as implicações de política do tema da conferência — mercados de trabalho em transição.
As decisões e declarações feitas hoje podem definir o tom da próxima direção do mercado cambial. Uma postura dovish do Fed enfraqueceria o dólar americano, impulsionando os ativos de risco a novas máximas mensais. Por outro lado, um tom mais hawkish poderia fortalecer o dólar no curto prazo.
Perspectiva técnica para EUR/USD: os compradores precisam retomar o nível de 1,1600 para abrir caminho rumo ao teste de 1,1630. A partir daí, o par poderia avançar até 1,1658, embora esse movimento seja difícil sem o apoio de grandes players. O alvo mais distante é a máxima de 1,1690. Caso haja queda, espera-se atividade significativa de compradores apenas em torno de 1,1565. Se não houver demanda relevante nesse nível, será melhor aguardar um reteste da mínima de 1,1530 ou considerar abrir posições longas a partir de 1,1490.
Perspectiva técnica para GBP/USD: os compradores da libra precisam conquistar a resistência mais próxima em 1,3420. Apenas isso abrirá caminho rumo a 1,3450, acima da qual o avanço será bastante difícil. O alvo mais distante está em 1,3480. Se o par cair, os vendedores tentarão tomar o controle em 1,3380. Caso tenham sucesso, um rompimento dessa faixa poderia pressionar significativamente os compradores, levando o GBP/USD à mínima de 1,3346, com possibilidade de extensão até 1,3305.
